Por: Marcello de Almeida
25/04/07 - 17h51
InfoMoney
SÃO PAULO - Respondendo aos anseios dos mais diversos perfis de investidores, um número ainda maior de estratégias de alocação de recursos foi desenvolvido com o passar dos anos. No mercado de ações, em específico, as possibilidades são tão amplas que muitos ainda ficam perdidos na hora de escolher a que melhor se adequaria às suas necessidades, anseios e limitações.
O mundo perfeito seria encontrar uma alternativa na qual os ganhos fossem certos, significativos e pudessem ser embolsados em um curto espaço de tempo. Quem não quer ficar rico do dia para a noite, sem fazer muito esforço? Infelizmente, a realidade é diferente. No mercado de ações, devaneios usualmente são penalizados com expressivos prejuízos.
Sem entrar no mérito de qual estratégia de investimento é a melhor, uma vez que praticamente todas, quando bem desenvolvidas, apresentam chances de sucesso, uma interessante alternativa, principalmente para os investidores mais conservadores e com perfil de longo prazo, seria investir em valor.
Mas o que é investir em valor?
Investir em valor, segundo Aswath Damodaran, professor de Finanças na Universidade de Nova York e detentor de uma série de prêmios por excelência em ensino, é identificar ações com bons fundamentos e sub-avaliadas para nelas investir pensando no longo prazo.
O estudioso explica que existem basicamente três correntes de investimento em valor. A primeira seria o investimento em valor contrário, estratégia na qual ativos de empresas bem administradas, mas excessivamente penalizados por notícias negativas pontuais seriam adquiridos.
A percepção neste caso é de que o mercado usualmente reage de forma exagerada a fatores como, por exemplo, um desempenho trimestral abaixo do previsto e/ou notícias econômicas desfavoráveis, penalizando demais os preços das ações e criando uma oportunidade de compra.
Investidor ativista
Outra forma de se investir em valor seria a ativista. Investidores que acreditam que uma empresa é mal administrada ou está seguindo uma estratégia errada adquire grandes participações e tentam impor mudanças que impulsionem seu crescimento.
A limitação é que esta estratégia só pode ser usada por investidores que detenham grande volume de recursos e avançados conhecimentos gerenciais.
Utilizando indicadores quantitativos e qualitativos
A terceira corrente do investimento em valor seria a ligada à filtragem passiva, em que, através de indicadores quantitativos e qualitativos, ações são consideradas (ou desconsideradas) como bons investimentos.
O pai desta estratégia é Ben Graham, analista financeiro e professor por três décadas na Universidade de Columbia e no New York Institute of Finance, que, dentre outras coisas, orientou o mega-investidor Warren Buffett em seus primeiros passos no mundo dos investimentos.
Ben Graham acredita que os filtros como baixos múltiplos de lucros, valor contábil ou receita podem ser utilizados para identificar ações sub-avaliadas.
Os filtros de Graham:
Na tabela abaixo, listamos os filtros nos quais Ben Graham baseou suas decisões de investimento, que, de uma forma geral, foram vitoriosas e influenciaram a atuação de muitos outros investidores, como, por exemplo, Warren Buffett.
Segundo Graham, qualquer empresa que passe pelos 10 filtros listados abaixo pode ser considerada bom investimento.
1 - Um índice lucro/preço que seja o dobro do rendimento de um título de renda fixa classificado como AAA - de baixo risco;
2 - Um P/L da ação que seja menor do que 40% do que a média do P/L do mercado nos últimos cinco anos;
3 - Uma distribuição de dividendos maior do que dois terços do rendimento de um título de renda fixa classificado como AAA;
4 - Um preço menor do que dois terços do seu valor contábil tangível;
5 - Um preço menor do que dois terços do Capital Circulante Líquido, assim compreendido como sendo Ativo Circulante Líquido menos o Exigível de Curto Prazo;
6 - Um Índice de Endividamento (Valor Contábil da Dívida/Patrimônio Líquido) menor que um;
7 - Um Ativo Circulante maior do que duas vezes o Exigível de Curto Prazo;
8 - Um endividamento menor do que duas vezes o Ativo Circulante Líquido;
9 - Um crescimento do lucro/ação ao longo dos últimos 10 anos maior do que 7%;
10 - Não mais do que dois anos de lucros cadentes ao longo dos 10 anos anteriores.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário